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sábado, 6 de outubro de 2012

Eu não sambo mais em vão.

Rabisco palavras pela metade. Meu sono não vem. Fecho os olhos e lembro das nossas mãos se procurando. A fogueira estava acesa e nossos olhos disfarçavam o que já não cabia em nós. Não sei se é amor. Sei que tudo remexe do lado de cá. Que atrevimento! Chegou calado, de canto, e não me deixou escoar pelos buracos. Não tive escolha e fiquei. Você me alimenta de músicas boas , tão boas que chegam a doer - e eu não sei o que me dói. Abraça-me, deita-me no colo e alimenta-me de afagos.
Observo de longe a janela. Olha só, as nuvens tem um desenho estranho : parecem dois barcos - éramos barcos sem cais, lembra? Elas se misturam e viram dois pássaros - que assim como nós se prendem pela liberdade, estranha liberdade. Mexo-me e percebo que você estava me fitando. Seus olhos estavam tão fixos nos meus e eu estava tão longe. Esse meu coração não se aquieta.
Já não sei mais o que a caneta desenha, o que escrevo. Você me desconcerta, seu moço.




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